Dom Pedro Brito Guimarães
Arcebispo Metropolitano de Palmas – TO
Arcebispo Metropolitano de Palmas – TO
Muito se fala, ultimamente, de crise e de
diminuição das vocações. A messe cresce sempre mais e o número de operários da
vinha do Senhor diminui também sempre mais. Os ordenados e os consagrados
envelhecem e as novas gerações optam por outros caminhos vocacionais. Mas,
vocação existe, existiu e continuará existindo. Como tudo na vida, precisa ser
descoberta, despertada, promovida e cultivada. A crise vocacional é
proporcional à credibilidade eclesial e a vitalidade da vida cristã. Quanto
mais fraca e frágil forem a eficiência e a eficácia eclesiais, menos vocações
teremos.
A
Igreja cultiva e promove as vocações mais por atração do que por proselitismo.
Vocação é um mistério teândrico (divino-humano). Mais divino do que humano ou
mais humano do que divino? Mais divino e mais humano. Para cada vocação, uma
ação, uma missão e uma oração. Jesus, o primeiro promotor vocacional, comparou
a questão vocacional a uma roça. Chamou o mundo de messe e
a humanidade de operário.
Dele é que nos vem a inspiração do divino-humano cuidado e cultivo vocacionais,
sincronizados: ação-oração: “a colheita é grande, mas os trabalhadores são
poucos. Pedi, pois, ao Senhor da colheita que envie trabalhadores para sua
colheita” (Lc 10,2; Mt 9,37-38).
O milagre da ciência e da tecnologia do agronegócio está aí para
comprovar: “o
chão dá se a gente plantar. Se a gente não planta, o chão não dá”. Ouvi, muitas vezes, meu pai dizer: “o boi, o arroz, o milho e o feijão
crescem com os olhos do dono”.
Sofremos
muito com os queixumes, por conta da diminuta vitalidade da atividade
vocacional. Lamentamos sempre a perca e a diminuição das vocações. E é um fato.
Os dados estatísticos estão aí para comprovar. Contra fatos não há argumentos.
Mas não podemos ficar estacionados, na defensiva, achando que a culpa é de Deus
ou da sociedade, sem assumir o nosso protagonismo. Lembro-me de um antigo
cartaz vocacional que dizia: “toda vocação é graça sua”. Este “sua” tanto
pode ser atribuído à graça divina como à ação humana. Toda vocação é um dom de
Deus. Nossa é a missão de cuidá-la e cultivá-la. Se no final dos esforços
vocacionais não tivermos vocações que a comunidade precisa, ainda assim,
devemos nos render e afirmar: vocação existe. Basta descobri-la, cultivá-la e
promovê-la.
Como o Reino dos céus (Mt 13,44-45),
a missão de um promotor vocacional se assemelha a de um caçador de tesouros
escondidos. Ao encontrar uma pepita de ouro, um diamante ou outra pedra
preciosa, é preciso garimpar, tirar os cascalhos e as impurezas, a fim de que o
esplendor da glória de Deus possa brilhar (Mt 5,16). Quem ama a sua vocação,
ama a vocação dos outros. Quem ama, cuida.
Maria,
a vocacionada do Pai, disse que devemos fazer tudo o que o Jesus nos disser (Jo
2,5). A nossa ação é fundamental, como é fundamental a oração pelas vocações.
Meu professor, Achille Triacca, dizia:“reze bem a missa e terá vocações. Reze mal a
missão e não terá vocações”. Por
isto, reze comigo esta simples oração vocacional: “Senhor, envie mais missionários
presbíteros, mais missionários diáconos, mais missionários consagrados e
consagradas, mais missionários leigos e leigas, para o serviço do vosso povo,
na vossa Igreja. Amém!”